sexta-feira, 8 de junho de 2012

Histórico! Taiti e Nova Caledônia vencem semifinais e farão primeira final francófona da OFC Nations Cup

  Por João Victor Gonçalves


  As semifinais da OFC Nations Cup, disputadas nesta sexta-feira em Honiara, trouxeram resultados que poucos esperavam. Mostrando um futebol envolvente, com poucos erros defensivos e ataques competentes, Taiti e Nova Caledônia venceram seus duelos e farão a grande decisão da OFC Nations Cup, a competição entre seleções mais importante da Oceania. Pior para a favorita Nova Zelândia, cujos jogadores assistirão a Copa das Confederações de 2013 pela TV.


Ilhas Salomão (verde) e Taiti (branco) entram em campo ao lado de crianças trajadas como os nativos salomônicos


  Na primeira partida do dia, o selecionado das Ilhas Salomão recebeu o Taiti contando com seu 12º jogador: a fanática torcida, que lotava não só as arquibancadas do Lawson Tama Stadium, como as colinas ao redor deste. Confiante na vitória dos "Bonitos", a massa alentadora verde e amarela viu um começo de jogo favorável aos polinésios, com os locais levando perigo ao gol de Samin apenas em jogadas esporádicas de Totori.


Henry Fa'arodo (verde, Ilhas Salomão) ganha a disputa de bola com Heimano Bourebare (branco, Taiti)


  Mostrando maior volume de jogo e dominando a posse de bola, o Taiti chegou ao primeiro gol logo aos 15 minutos de jogo, com Jonathan Tehau subindo mais alto, após cobrança de falta, que a defensiva salomônica, e testando firme para o fundo da meta de Ray Jr., que nada pôde fazer. Estava aberto o placar no Lawson Tama Stadium, para felicidade da equipe alvirrubra e de seu comandante, Eddy Etaeta.


Exato instante da cabeçada certeira de Jonathan Tehau (17, Taiti)


  O gol sofrido logo no início abalou os salomônicos, que sofreram outro baque poucos minutos depois: após disputa de bola, o arqueiro Felix Ray Jr. se lesionou e não conseguiu retornar ao campo de jogo, forçando a primeira substituição dos "Bonitos", na qual Shadrack Ramoni assumiu a vaga na meta local.


Jonathan Tehau (ajoelhado) celebra seu gol ao lado de seus companheiros


  Após o momento de hesitação, a seleção das Ilhas Salomão passou a pressionar o Taiti, tendo a melhor chance aos 35 minutos, quando, após cruzamento de Totori, James Naka perdeu o gol de empate debaixo das traves de Samin, num lance que deixou perplexos todos os presentes ao Lawson Tama Stadium.


Vista por outro ângulo, a vibração de Jonathan Tehau (foto)


  Buscando manter a vantagem, o Taiti passou a explorar as jogadas de contra-golpe e parar o ímpeto ofensivo dos locais com jogadas ríspidas, o que rendeu o cartão amarelo para Angelo Tchen ainda na primeira etapa. Contrastando com a segurança dos alvirrubros no sistema defensivo, o ataque salomônico não conseguia ser eficiente, o que contribuiu para que a partida fosse para o intervalo com o score favorável aos polinésios.


Nicolas Vallar (Taiti, branco) e James Naka (Ilhas Salomão, verde) em disputa aérea


  Na volta para a etapa complementar, os "Bonitos" tiveram uma ótima chance logo aos dois minutos, quando o capitão Henry Fa'arodo limpou a zaga polinésia e ficou frente a frente com Samin, mas chutou para fora. Esta foi a única real chance de gol do time local durante os 46 minutos que se sucederam até o apito final de Peter O'Leary, já que os taitianos souberam administrar a vantagem obtida mantendo a posse de bola e minando o preparo físico de seus adversários.


Confira os melhores momentos da vitória que garantiu ao Taiti um lugar na decisão da Copa das Nações da OFC 2012


  A classificação dos comandados de Eddy Etaeta premia a equipe que vem apresentando o melhor futebol desta OFC Nations Cup até aqui. O selecionado alvirrubro possui um ataque eficiente tanto nas jogadas aéreas quanto nas de velocidade. A espinha dorsal da equipe é constituída pelo experiente arqueiro Samin, desde 2002 nas fileiras taitianas, e pela tríade dos "Tehau", Lorenzo, Jonathan e Alvin, nomes que, ao lado de Chong Hue, compõem a artilharia pesada da Polinésia Francesa.


Alvin Tehau (Taiti, foto) mostra toda sua habilidade ao controlar a bola


  Pelo lado salomônico, a eliminação nas semifinais possui um sabor amargo, pelo fato de que a equipe atuou em seu território nesta competição e enfrentou, teoricamente, um adversário do mesmo nível técnico. Com a derrota, os "Bonitos" confirmam a sua sina de "azarados", já que sempre montam bons planteis, mas não conseguem conquistar uma competição importante no futebol do Pacífico. Provavelmente, a geração de Totori, Naka, Fa'arodo e cia. deverá abrir espaço para novos valores que, daqui quatro anos, tentarão levar o futebol salomônico a uma inédita conquista internacional.


O experiente goleiro Xavier Samin (Taiti) comemora a classificação polinésia à final


  Na outra semifinal do dia, o favoritismo da Nova Zelândia era evidente contra a seleção caledoniana. Os comandados de Ricki Herbert tinham em mente apenas um objetivo: conquistar a vitória e seguir firme rumo ao terceiro Mundial consecutivo. Todavia, não esperavam encontrar pela frente os fortes "cagous" que, mostrando uma aplicação tática incrível, bem como seu poder de reação, obtiveram um triunfo que entrará para a história do futebol oceânico.


Eis o time que entrará para a história do esporte da Nova Caledônia


  Ao contrário do que se esperava, foi a Nova Caledônia quem "deu as cartas" nos primeiros minutos. A primeira boa chance do confronto foi criada por Gope-Fenepej, que voltava de suspensão após ser expulso na partida contra o Taiti. Buscando responder à altura, os "Kiwis" tentaram chegar ao gol em chutes de longa distância desferidos por Wood e Bertos, mas sem a pontaria e força necessária, eles não ameaçaram a meta de Nyikiene.


Chris Wood (branco, Nova Zelândia) leva a melhor e consegue desviar a bola de cabeça


  O forte calor sentido na capital salomônica levou a partida à parada de reidratação dos atletas aos 27 minutos. Depois do pequeno intervalo, os comandados de Ricki Herbert atenderam aos apelos de seu treinador e partiram para o ataque com maior incisividade, cirando boas chances e exigindo intervenções pontuais de Nyikiene. Por outro lado, as descidas dos "All Whites" abriam brechas no sistema defensivo, possibilitando aos ariscos Wacalie e Gope-Fenepej a criação de boas chances em jogadas de velocidade.


Shane Smeltz (branco, Nova Zelândia) e Joel Wakanumune (vermelho, Nova Caledônia) sobem, de olhos fechados, em disputa de bola aérea


  Após o intervalo, o nervosismo começou a se abater na seleção neozelandesa que, pela primeira vez nesta OFC Nations Cup, não haviam conseguido marcar seu gol na primeira parte. Mais tranquilos em campo, os "cagous" souberam administrar a posse de bola no meio de campo e neutralizar a perigosa jogada de bola aérea dos "kiwis". Mais consistentes em campo, não demoraria muito para os "vermelhos" abrirem o placar no Lawson Tama Stadium.


Kosta Barbarouses (17, Nova Zelândia) domina bola sob o olhar atento de Jacques Haeko (Nova Caledônia), artilheiro da competição com 6 gols


  Aos 15 minutos, o lançamento do capitão Olivier Dokunengo encontrou o Haeko, artilheiro da Copa das Nações da OFC com 6 gols, livre. Todavia, o "matador" caledoniano não rematou, preferindo dar um toque sutil e certeiro no esférico, que caiu caprichosamente nos pés de Kai que, com um toque de classe, tirou as possibilidades de defesa de Jake Glesson. Estava aberto o placar no Lawson Tama Stadium e a torcida, perplexa, começava a vislumbrar um resultado histórico.


Arqueiro Rocky Nyikeine (Nova Caledônia) se prepara para repor a bola no campo de ataque


  O gol pegou de surpresa a equipe neozelandesa e forçou alterações imediatas na equipe: aos 18 minutos, Leo Bertos e Chris Wood deram lugar a Jeremy Brockie e Marco Rojas, numa tentativa desesperada de Herbert de conduzir a Nova Zelândia ao campo de ataque. Do lado caledoniano, o treinador Alain Moizan, ao contrário do que se possa imaginar, não restringiu sua equipe no campo de defesa, permitindo as boas descidas dos laterais ao ataque, o que poderia sacramentar a classificação do time vermelho.


Alain Mozain (foto), treinador da Nova Caledônia, orienta seus atletas durante a histórica vitória contra a Nova Zelândia


  Aos 22 minutos, numa das melhores chances neozelandesas na partida, McGlinchey teve a oportunidade do empate, mas a trave foi o destino de seu chute, para alívio da defensiva "cagou". Desequilibrada técnica e emocionalmente, a Nova Zelândia não conseguia criar boas chances no ataque e ainda sofria com a habilidade do ataque caledoniano. A cada volta do ponteiro, a certeza de que os atletas da Nova Caledônia estavam fazendo história ficava evidente.


Judikael Ixoee (vermelho, Nova Caledônia) não tem dificuldades para ganhar disputa com o frágil Marco Rojas (branco, Nova Zelândia)


  E a alegria dos comandados de Alain Moizan não pôde ser contida aos 47 minutos quando, num contra-ataque mortal, Iamel Kabeu encontrou Gope-Fenepej sozinho, na grande área neozelandesa. Mostrando toda a tranquilidade que lhe faltou no confronto contra o Taiti, o atacante se livrou de Gleeson com um toque magistral. Estava decretada não apenas mais uma vitória da seleção da Nova Caledônia, mas o fim de uma hegemonia que já durava 8 anos no futebol da Oceania.


Detalhe da bola entrando sorrateiramente no gol de Gleeson (13, Nova Zelândia), no segundo gol caledoniano


  Após 51 minutos de partida na etapa complementar, o último apito do taitiano Norbert Hauata foi a deixa para a festa caledoniana tomar conta do grama do Lawson Tama Stadium. Com abraços, sorrisos e danças, os jogadores comemoravam a inédita classificação à decisão da competição continental. O "segredo da vitória" foi revelado pelo treinador Moizan durante as celebrações: "Nós analisamos a equipe da Nova Zelândia e sentimos que eles não mostravam alterações em seu estilo de jogo, o que nos proporcionou atacar em velocidade. Nós realmente acreditávamos que poderíamos vencer e que os jogadores deles não eram melhores que os nossos".


Assista aos melhores momentos da partida que entrou para a história do futebol da Oceania


  Por outro lado, a decepção era evidente nos rostos dos atletas e comissão técnica neozelandeses. Inconformado, Ricki Herbert sintetizou bem o significado da derrota: "Estou extremamente desapontado. Tenho 52 jogos à frente da seleção neozelandesa e este é um dos piores momentos. Erramos muitos passes e não tivemos a qualidade necessária nas finalizações".


A decepção era visível no rosto de Chris Wood (foto) após a surpreendente derrota neozelandesa


  Com os reveses, Ilhas Salomão e Nova Zelândia dão adeus às chances de disputa da Copa das Confederações de 2013. A derrota só não tem uma conotação maior porque os quatro melhores qualificados da Copa das Nações terão o direito de duelar por uma vaga na Repescagem que dá ao vencedor o direito de disputar a Copa do Mundo de 2014. Todavia, a derrota "kiwi", especificamente, mostra que não existe mais uma hegemonia neozelandesa no futebol oceânico, confirmando um ciclo que havia se iniciado com a conquista da O-League pelo Hekari United, da Papua Nova Guiné.


Jogadores caledonianos comemoram tendo ao fundo o placar histórico da vitória sobre a Nova Zelândia


  Contrastando com as lamentações dos anfitriões e dos "All Whites", Taiti e Nova Caledônia farão a primeira final francófona da história da Copa das Nações da OFC que conhecerá, pela primeira vez em sua história, um vencedor que não seja Nova Zelândia ou Austrália. Com 100% de aproveitamento no certame, o Taiti entra com um leve favoritismo, confirmado pelo histórico da equipe polinésia, que foi vice-campeã do torneio em 1973, 1980 e 1996. Já "Les Cagous" terão no poder de superação sua principal arma nesta grande final, tentando superar seu melhor desempenho na história, obtido na última edição da OFC Nations Cup, quando terminaram na segunda colocação.


Jogador taitiano não consegue segurar a emoção e chora copiosamente após a classificação de seu país à final da OFC Nations Cup


  Os detalhes desta final histórica (que ocorre no próximo domingo, à 1h, no horário de Brasília), bem como a repercussão do resultado após o apito final, você acompanha aqui, no "Do outro lado da Bola", e nas redes sociais, por meio de nosso Twitter e Facebook. "Cagous" ou "Tahitiennes": quem ficará com o título máximo do futebol da Oceania? Façam suas apostas!


  Fonte das Imagens: OFC
  

3 comentários:

  1. Não tenho nada a dizer não, só estou completamente emocionado e arrepiado em ver algo deste genero acontecer pela primeira vez. Afirmo que eu vou assistir um jogo de uma destas seleções na Copa das Confederações!

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  2. A final não passará em nenhum site?

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  3. Você verá a seleção taitiana em ação aqui no Brasil, Rafa! Momento histórico para o futebol da Oceania!

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