quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

"Sonho de bronze": 2014 foi fechado com incrível conquista dos Navy Blues! Relembre a trajetória do Auckland City no Marrocos em nossa retrospectiva

  Por João Victor Gonçalves

  Chega ao fim mais um ano histórico para o futebol da Oceania. Com a certeza de que encerramos 2014 com nossa missão cumprida, a "Equipe Do outro lado da Bola" relembra o último fato marcante para o esporte bretão no continente oceânico no ano: a surpreendente conquista do 3º lugar no Mundial de Clubes pelo Auckland City Football Club.

Spoonley (amarelo) recebe os cumprimentos de Tribulietx (terno, centro) - dois heróis de Marrakech!

  A não-realização da matéria da decisão do 3º lugar até o dia atual possui uma explicação - gostaríamos de dar um aspecto de destaque ao maior feito já conquistado por um clube da Oceania no cenário internacional, além de analisar a última partida dos "Heróis de Marrakech", contra o Cruz Azul, sob uma ótica nostálgica, com tons de retrospectiva.

Jogadores do Auckland City (foto) celebram a incrível conquista do terceiro lugar no Mundial de Clubes 2014

  Com o pênalti marcado pelo nigeriano Sanni Issa, os "Navy Blues" alcançaram seu "sonho de bronze", com sabor de ouro. Porém, a história da glória do City começou muito antes; desacreditado, o campeão da Oceania segurou o quadro anfitrião, o Moghreb Athlétic de Tétouan, atual campeão marroquino, e, numa fatídica disputa de pênaltis, conquistou sua vaga às quartas-de-final do certame.

Exibindo a bandeira marroquina, jogadores do Auckland City (foto) agradecem o apoio da torcida local

  Já era um feito para o campeão do continente com menor tradição no futebol mundial; com o triunfo, o City igualava seu desempenho no Mundial de 2009, quando encerrou com a 5ª colocação. Porém, os comandados de Ramon Tribulietx estavam dispostos a fazer história - no seguinte duelo, contra o campeão africano, Entente Sportive de Sétif, o novamente desacreditado Auckland City surpreendeu o mundo ao bater os alvinegros pela contagem mínima e conseguir sua vaga na semifinal.

A alegria dos jogadores do City após a vitória nos pênaltis era proporcional à grandiosidade de seu feito

  Semifinal da qual o City conseguiu, por seu espírito de luta e entrega, sair como vencedor apesar de derrotado. No duelo contra o poderoso campeão da América San Lorenzo, os "Navy Blues" seguraram um empate por 1-1 durante os 90 minutos, caindo apenas na prorrogação, após uma partida muito equilibrada. Se a disputa daquela que seria a "final inacreditável" foi impossibilitada pelo "Ciclón", restaria aos homens de Tribulietx a honrosa disputa do 3º lugar contra o Cruz Azul, campeão das Américas do Norte e Central, na qual teria a oportunidade de continuar escrevendo com letras de ouro sua história internacional.

O abraço dos heróis: White (esquerda) celebra o feito do Auckland City ao lado de Issa (direita)

  O duelo, disputado no Le Grande Stade de Marrakech, na cidade homônima, serviu de preliminar à decisão entre San Lorenzo e Real Madrid, que seria vencida pelo quadro ibérico por 2-0. Tecnicamente inferior à representação mexicana, o quadro neozelandês, que entrou em campo com o goleiro Spoonley na vaga de Williams, adotou uma postura defensiva durante os primeiros 45 minutos, sendo eficiente nesta missão.

De amarelo, dois dos principais responsáveis pelo excelente desempenho defensivo do City no Mundial: os arqueiros Spoonley (acima) e Williams (abaixo)

  Numa de suas raras chances, o Auckland City chegou à abertura do marcador no último minuto da etapa inicial, com De Vries, premiando a bela atuação do sul-africano durante todo o Mundial de Clubes. No segundo tempo, o City abdicou do ataque, chamando o Cruz Azul para seu campo, e sofreu, com isso, além de uma clamorosa pressão, o gol de empate, anotado por Rojas. Sem força ofensiva para chegar à virada e lidando com a eficiente resistência da defesa neozelandesa, o Cruz Azul não conseguiu alcançar o ansiado segundo gol e a decisão do terceiro lugar do Mundial de Clubes foi para a marca da cal.

Elenco neozelandês "explode" após o pênalti decisivo de Issa

  Na primeira série de cobranças, Payne e Giménez converteram os tiros penais para suas equipes; na segunda cobrança do City, Irving parou no travessão, num indicativo de que o City poderia ter ido longe demais no Mundial; logo no tiro seguinte, porém, o bisonho erro de Formica reacendeu a chama da esperança azul. White e Rodríguez marcaram e mantiveram a série empatada; Pritchett converteu para o City, determinando a contagem parcial em 3-2 favoráveis aos neozelandeses.

Sanni Issa (foto) converteu o pênalti que garantiu ao Auckland City o "sonho de bronze" no Mundial de Clubes 2014 

  Na cobrança seguinte, brilhou a estrela de Spoonley, que defendeu o tiro de Valadez. Com isso, coube a Sanni Issa a missão de garantir o histórico terceiro lugar ao Auckland City. Com uma tranquilidade surpreendente, o nigeriano mostrou seu faro de "matador" e escreveu seu nome na página mais gloriosa da história do futebol oceânico a nível de clubes. Surpreendendo o mundo, o Auckland City conquistava o terceiro lugar no Mundial de Clubes da FIFA 2014.

Confira os gols e a emocionante disputa de pênaltis no confronto entre Cruz Azul e Auckland City

  Após a partida, o treinador Ramon Tribulietx, em êxtase, declarou seu estado de espírito com a façanha de seu grupo: "Eu sou o homem mais feliz do mundo porque soubemos superar cada obstáculo. Metade de meus jogadores são amadores; apesar disso, não perdemos nenhum jogo durante os 90 minutos aqui. Merecemos terminar em terceiro porque fomos brilhantes do início ao fim". Além disso, destacou suas expectativas em relação ao futebol neozelandês após esta campanha: "Espero que nosso desempenho tenha um impacto positivo sobre o futebol da Nova Zelândia. Ninguém esperava que alcançássemos este terceiro lugar, é uma verdadeira honra. Não posso me esquecer de agradecer aos fãs locais, que nos deram seu apoio ao longo do torneio".

Coube ao experiente capitão Ivan Vicelich (foto) a honra de ser eleito o terceiro melhor jogador do torneio

  Eleito o terceiro melhor jogador da competição, o experiente Ivan Vicelich sintetizou em uma frase o sentimento de todo o grupo: "Para nós, esta medalha de bronze vale ouro". Compartilhando deste sentimento, a "Equipe Do outro lado da Bola" parabeniza o Auckland City Football Club, que nos deixou uma grande lição, a qual pode ser aplicada até mesmo fora das quatro linhas - não desistir nunca de nossos sonhos. Que o 2015 de todos os amantes do futebol da Oceania seja de tranquilidade, saúde e traga importantes realizações; que o "sonho de bronze" dos "heróis de Rabat e Marrakech" sirva de inspiração para nossos projetos pessoais no ano que há de vir. Parabéns, "Navy Blues"!

  Fonte das Imagens: FIFA

quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Vitória moral: Auckland City "segura" campeão da América do Sul durante 120 minutos em duelo memorável para o futebol da Oceania

  Por João Victor Gonçalves

  O Auckland City venceu o San Lorenzo de Almagro; ao menos moralmente. O placar final reflete a vitória matemática do clube argentino e a passagem de fase do quadro bonaerense mais por uma questão de sorte (ou talvez fé, já que o Papa Francisco é o mais ilustre torcedor da representação azul-grená) do que de mérito. Durante 120 minutos, os semi-profissionais do Auckland fizeram frente ao campeão da América, num encontro memorável para o futebol da Oceania.

Disputa de bola entre De Vries (branco, Auckland City) e Barrientos (azul-grená, San Lorenzo)

  Nem mesmo o mais pessimista dos mais de 18 mil torcedores que, em sua grande maioria, foram apoiar o San Lorenzo no Le Grande Stade de Marrakech esperava uma classificação tão difícil do quadro de Boedo. Durante os primeiros minutos, o San Lorenzo chegava pouco à meta de Williams, mas sua dificuldade poderia ser atribuída mais ao nervosismo da estreia no Mundial de Clubes e ao bom posicionamento defensivo do City do que propriamente a um equilíbrio técnico por parte do quadro neozelandês.

Tamati Williams (foto) foi um dos grandes nomes do Auckland City no duelo contra o campeão da América do Sul

  Defensivamente, o quadro de Edgardo Bauza mostrava-se seguro, oferecendo raras chances ao City. Com um ataque pouco criativo, o gol do San Lorenzo só viria no final da primeira etapa: aos 46 minutos, após boa triangulação ofensiva, Emmanuel Más deu um passe certeiro para Pablo Barrientos que, com um forte tiro de canhota, venceu Williams. 1-0 no placar e a expectativa de um segundo tempo tranquilo para os "Gauchos de Boedo".

Emiliano Tade (direita) lamenta chance desperdiçada na etapa complementar

  Todavia, o cenário da etapa complementar foi bem diferente do que muitos imaginavam: retrancado, o poderoso campeão da América deu espaço para o Auckland City trabalhar a bola e levar perigo nas jogadas de velocidade arquitetadas por De Vries e Tade. Numa destas jogadas, após belo passe de Tade, De Vries não alcançou a bola, que sobrou livre para Ángel Berlanga, mochileiro contratado após uma conversa no Facebook com o treinador Ramón Tribulietx, empurrar para o fundo das redes azul-grenás. Estava decretado o empate do Auckland City, com um surpreendente silêncio da fanática torcida argentina em Marrakech.

Jogadores do Auckland City (foto) celebram efusivamente o gol de Berlanga

  Para sustentar o resultado e levar a partida para a prorrogação, o Auckland City contou com seu excelente posicionamento defensivo e uma pitada de sorte, principalmente quando Cauteruccio, após belíssima jogada individual, desferiu um remate no poste esquerdo de Williams. Sorte esta que faltou a Emiliano Tade que, livre, perdeu aquele que seria o gol do triunfo dos neozelandeses. Nervoso em campo, o time argentino errava muitos passes e, como consequência de seu "DNA defensivo", o gol de empate não veio nos 90 minutos, sendo necessários mais 30 para a definição do classificado à decisão.

Yepes (azul-grená, San Lorenzo) e Issa (branco) observam atentamente a trajetória da bola após dividida

  Na realidade, mais dois minutos: logo no início da prorrogação, numa rara desatenção defensiva dos "Navy Blues", "Pipo" Romagnoli fez um cruzamento perigoso para a área; Más, livre, apenas ajeitou a bola para Mauro Matos, homem mais perigoso da vanguarda azul-grená, fuzilar o arqueiro Williams e dar uma sensação de alívio momentâneo aos "cuervos". Antes do término do duelo, os argentinos ainda sofreriam com uma bola na trave de Payne; porém, os valentes heróis "kiwis" não puderam aumentar ainda mais sua façanha, saindo de campo com o placar desfavorável por 2-1 após 120 minutos de peleja.

Mauro Matos (direita) celebra o gol da classificação sofrida do San Lorenzo

  Matematicamente derrotados; moralmente, vencedores. Este era o clima após a partida entre os jogadores do Auckland. O sorriso de satisfação estampado nos rostos dos tetracampeões oceânicos contrastava com a celebração embaraçosa dos argentinos, cientes de que haviam feito uma partida bem abaixo do esperado e evitado, com muita dificuldade, um histórico vexame.

Assista aos melhores momentos do duelo entre San Lorenzo e Auckland City

  Ao final da partida, Edgardo Bauza, comandante do San Lorenzo, destacou as dificuldades encontradas no duelo: "Estamos satisfeitos que atingimos o objetivo de chegar à final. Porém, foi um jogo difícil contra uma equipe bem organizada defensivamente. Não jogamos bem: estávamos nervosos e não mostramos a determinação necessária. Agora vamos começar a se preparar para a final e fazer tudo o que pudermos para vencê-la".

Edgardo Bauza (foto) reconheceu as dificuldades encontradas por sua equipe no duelo contra o Auckland City

  Já pelo lado do City, Tribulietx destacou: "Nós somos os vencedores morais. Tivemos a chance de ganhar o jogo no tempo normal. Meus jogadores, estão, obviamente, desanimados, porque estiveram muito próximos da vitória. Mas estamos muito orgulhosos da maneira como jogamos hoje e vamos nos recordar deste jogo por muito tempo. Fomos valentes, tivemos um bom tempo de posse de bola contra o campeão da América do Sul e mostramos que podemos competir em elevado nível e jogar um bom futebol. Estou muito orgulhoso dos meus jogadores - eles mereciam ganhar hoje. É fantástico estar neste torneio e mostrar ao mundo do que somos capazes".

Nem mesmo o experiente Yepes (azul-grená, San Lorenzo) conseguiu garantir a tranquilidade necessária aos homens do "Ciclón" em sua estreia no Mundial de Clubes

  A jornada heroica dos valentes "Navy Blues" no Mundial, todavia, ainda não terminou. No próximo sábado, os neozelandeses voltam a campo às 14h30 (horário de Brasília) para a decisão do 3º lugar do certame contra o Cruz Azul, campeão das Américas do Norte e Central. Independentemente do resultado, os comandados de Tribulietx já entraram para a história como conquistadores do melhor desempenho de um representante da Oceania num Mundial de Clubes da FIFA, desde a primeira edição do torneio expandido e sob a organização da entidade, em 2000.

  WSW termina em sexto


Assista aos gols de WSW x Setif e à decisão por pênaltis do 5º lugar do Mundial de Clubes

  Representante da Austrália no torneio, o Western Sydney Wanderers despediu-se com a 6ª colocação em sua primeira participação num Mundial de Clubes. No duelo pelo 5º lugar contra o ES Sétif, campeão africano, o WSW até saiu na frente com um gol de Castelen; porém, sofreu a virada dos alvinegros, que chegaram ao 2-1 com um gol contra de Mullen e outro tento de Ziaya. A um minuto do fim, o brasileiro Vítor Saba igualou a contagem, forçando a prorrogação. Após a inalteração do placar nos 30 minutos extras, a decisão foi para as grandes penalidades, nas quais o quadro argelino saiu vencedor por 5-4.

  Fonte das Imagens: FIFA

sábado, 13 de dezembro de 2014

Heróis de Rabat: em tarde histórica, Auckland City bate Sétif e vai à semifinal do Mundial de Clubes

  Por João Victor Gonçalves

  O que parecia impossível... aconteceu! O Auckland City Football Club é semifinalista do Mundial de Clubes 2014. O maior feito já obtido a nível internacional por um clube da Oceania foi alcançado graças a uma vitória pela contagem mínima sobre o Entente Sportive de Sétif, da Argélia, atual campeão afriano, na tarde deste sábado, no Estádio Príncipe Moullay Abdallah, em Rabat, capital marroquina.


El Hedi Belameiri (branco, ES Sétif) sofre a interceptação de Mario Bilen (azul, Auckland City) 

  A ausência de um representante marroquino em campo e o tempo chuvoso desestimularam o torcedor a comparecer às arquibancadas do principal recinto esportivo de Rabat: apesar das mais de 22 mil entradas vendidas para a partida inaugural do dia, calcula-se que menos de 10 mil torcedores estiveram presentes para assistir ao combate entre o Auckland City, campeão da Oceania, e o ÉS Setif, campeão argelino. Desde o primeiro minuto, a parcialidade mostrou todo seu apoio ao quadro azul.


O japonês Takuya Iwata (azul, Auckland City) mostra toda sua disposição ao marcar Mohammed Benyettou

  Pelo lado neozelandês, o treinador espanhol Ramón Tribulietx teve o privilégio de repetir os onze titulares que participaram da partida de estreia contra o Moghreb Tétouan na última quarta-feira. Já os argelinos, comandados por Kheireddine Madoui, faziam seu debut no certame e não escondiam o nervosismo - durante os dez primeiros minutos, as equipes não criaram grandes oportunidades de gol, com os alvinegros errando muitos passes e o City tentando chegar à meta rival com chutes de longa distância.


Emiliano Tade (azul, Auckland City) tenta interceptar disparo de Said Arroussi (branco, ES Sétif)

  Após a tensão inicial, o quadro de Sétif conseguiu mostrar sua qualidade e dominou as ações até o final da primeira etapa. O Auckland City tentava chegar à meta de Khedairia nas jogadas de contra-ataque, porém De Vries e Tavano não tiveram a efetividade necessária para abrir o placar.


John Irving (esquerda) celebra o gol da vitória do Auckland City

  Durante o intervalo, Madoui tentou dar maior ofensividade a seu time, sacando Dagoulou para a entrada de Djahnit. Após dois minutos em campo, o camisa 10 argelino mostrou que não teria uma tarde fácil, sendo advertido após simulação. Aos 8, o Auckland City, após uma pequena blitz ofensiva, protagonizou o lance capital do duelo: após cobrança de escanteio de Payne, a bola cruzou quase toda a extensão da grande área e sobrou nos pés de John Irving; o camisa 6 do City livrou-se da marcação e, com um forte chute de direita, venceu o arqueiro Sofiane Khedairia, cuja visão estava encoberta, para explosão de jogadores e comissão técnica neozelandeses, bem como do público presente.


O treinador Tribulietx (preto) não esconde sua alegria ao celebrar o gol de Irving

  Daí em diante, o Sétif partiu ao ataque em busca do gol de empate, abrindo espaços para o City chegar ao segundo gol. Na melhor oportunidade dos "Navy Blues", De Vries desperdiçou o tento que poderia sacramentar o triunfo dos neozelandeses; na retaguarda, Williams mostrou toda sua competência ao evitar pelo menos dois tentos do quadro argelino, sendo um dos principais responsáveis pela manutenção do placar.




Confira o gol de Irving e os momentos finais da partida com a emocionante narração de Federico Bulos, da Fox Sports Latina

  Com o apito final do português Pedro Proença, a incredulidade do público presente no estádio contrastava com a explosão de alegria do elenco do Auckland City. Mais do que ninguém, os "Navy Blues" sempre acreditaram em seu potencial e sonharam com o duelo semifinal contra o San Lorenzo de Almagro, que se tornará realidade na próxima quarta-feira.


Elenco do Auckland City (azul) comemora a classificação às semifinais após o apito final de Pedro Proença

  Após a partida, o comandante argelino fez questão de ressaltar a qualidade do City: "Parabéns para o Auckland City pela vitória de hoje", disse Kheireddine Madoui. "Nós simplesmente não demonstramos aquilo que somos capazes de fazer. Cometemos muitos erros, não estávamos atacando de maneira suficiente ou decisiva quando necessário. O Auckland é uma equipe bem organizada defensivamente e sempre foi uma ameaça no contra-ataque, mas não jogamos bem hoje e estamos desapontados com isso".


O treinador Ramón Tribulietx (terno) destacou a excelente atuação de sua equipe e o apoio do público marroquino durante a partida contra o Sétif

  Já o treinador vitorioso, o espanhol Ramón Tribulietx, não escondeu sua alegria durante a coletiva de imprensa: "Jogamos muito bem hoje e criamos uma série de chances; a única coisa que faltou a nós foi o segundo gol. Estou muito orgulhoso dos meus jogadores. É simplesmente inacreditável ver uma performance desta contra o campeão africano após 120 difíceis minutos de nosso primeiro jogo. Também gostaria de agradecer os fãs marroquinos, que nos apoiaram muito hoje - o que foi brilhante". Por fim, fez um resumo da incrível atuação da sua equipe até aqui no Mundial: "Jogamos dois jogos, não sofremos nenhum gol e estamos nas semifinais do Mundial de Clubes - é simplesmente fantástico! É uma recompensa pelo trabalho duro que está sendo realizado por todos na instituição".


  Festa na Nova Zelândia, tristeza na Austrália


Pavone (azul, esquerda, Cruz Azul) faz o gol da virada para os mexicanos

  A estreia do representante australiano no torneio, Western Sydney Wanderers, que conseguiu a vaga após sagrar-se campeão da Liga dos Campeões da Confederação Asiática, não teve o mesmo desfecho feliz da partida preliminar. Após 120 minutos de luta, o WSW acabou batido pelo Cruz Azul por 3-1. Durante o tempo normal, La Rocca, com um chute de longa distância, abriu o placar para os australianos; porém, aos 44 minutos da etapa complementar, Torrado, cobrando pênalti, igualou a disputa, forçando a disputa de trinta minutos extras.



Assista aos gols da derrota do WSW para o Cruz Azul

  Durante a prorrogação, o WSW, fragilizado pelas expulsões de Spiranovic e Topor-Stanley, acabou batido pelo bem organizado quadro mexicano. Pavone e Torrado, novamente cobrando pênalti, decretaram a vitória de "La Máquina Cementera" sobre os rubro-negros. Com o triunfo, a equipe da capital mexicana ganha o direito de enfrentar o Real Madrid, campeão europeu, na primeira semifinal, a ser disputada na próxima terça-feira; no dia seguinte, o WSW volta a campo para decidir o 5º lugar do torneio contra o ES Sétif.

Campeão da América, o San Lorenzo de Almagro (foto) será o próximo adversário do Auckland City no Mundial de Clubes

  Já o próximo desafio dos "Navy Blues" no Mundial ocorre na próxima quarta-feira (17), às 17h30 (horário de Brasília), contra o Club Atlético San Lorenzo de Almagro, da Argentina, campeão da Libertadores da América. O duelo está agendado para o Le Grande Stade de Marrakech, na referida cidade marroquina. Independentemente do resultado da partida contra o "Ciclón", o Auckland City de 2014 já escreveu seu nome como o autor da maior façanha da história de um clube da Oceania a nível internacional. Além de parabenizar todos os responsáveis por este feito, a "Equipe Do outro lado da Bola" faz questão de ressaltar todo seu orgulho em relação ao ACFC: parabéns, "Navy Blues"; parabéns, heróis de Rabat!

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Histórico: Auckland City vence Moghreb Tétouan nos pênaltis e avança no Mundial de Clubes

  Por João Victor Gonçalves

  10 de Dezembro de 2014. Este dia jamais será esquecido pelos amantes do futebol da Oceania. Demonstrando toda sua valentia, um grupo de verdadeiros guerreiros, cuja entrega à prática esportiva assemelha-se à essência do amadorismo e prazer típicos dos primeiros competidores, honrou não só o nome de uma instituição esportiva, mas de todo um continente. Após 120 minutos de peleja e uma disputa de pênaltis, o Auckland City Football Club conseguiu superar o Moghreb Athlétic de Tétouan, atual campeão marroquino, e está nas quartas-de-final do Mundial de Clubes.


Jogadores do Auckland City (foto) realizam treino antes da estreia no Mundial de Clubes 2014. Foto: Sportal

  Antes do início do duelo, a atmosfera do estádio Príncipe Moulay Abdellah, em Rabat, era completamente favorável ao quadro marroquino: mais de 35 mil torcedores, incluindo muitos adeptos de times mais tradicionais do país, como Raja Casablanca, Wydad Casablanca e FAR Rabat, foram ao principal estádio da capital marroquina apoiar o Tétouan, equipe de menor tradição e sucesso recente no futebol marroquino, com duas conquistas na década atual (a Liga Nacional em 2012 e 2014).


Emiliano Tade (azul, Auckland City) perde dividida com Mohamed Abarhoun (branco, Moghreb Athlétic). Foto: EFE

  Contrariando a expectativa dos que apostavam no debut de Sanni Issa com a camisa do Auckland City, Ramon Tribulietx optou pela escalação do ítalo-mexicano Fabrizio Tavano entre os 11 titulares, mantendo o time-base que realizou um período de aclimatação para o Mundial de Clubes em Dubai. Ao lado de Tavano, De Vries e Tade ficaram com a responsabilidade de levar o City ao ataque nas rápidas jogadas de contra-golpe.


Naim (branco, Moghreb Athlétic) sofre interceptação de Mario Bilen (azul, Auckland City). Foto: EFE

  Logo nos primeiros minutos, porém, ficou claro que o City não apostaria somente nas jogadas de contra-ataque para chegar à meta de Lyousfi: tocando a bola no setor de meia-cancha, a equipe de Auckland aproveitava o nervosismo dos anfitriões e mantinha relativo controle da partida. Apesar de duas boas chances criadas pelo time da casa, a melhor oportunidade do primeiro tempo foi desperdiçada por Emiliano Tade: o argentino disparou para fora após ficar cara a cara com Lyousfi.



Tavano (25, azul, Auckland City) foi um dos bons nomes do City na noite heroica em Rabat. Foto: Goal.com

  Na etapa complementar, o Auckland City reforçou-se defensivamente, principalmente após a entrada de Darren White no posto de Emiliano Tade. Porém, nervoso em campo, o quadro de Tétouan deixava o City chegar a seus domínios com certa tranquilidade, principalmente por meio das jogadas de velocidade arquitetadas por Iwata. O placar em branco manteve-se sem sinais de alteração até os acréscimos, quando Zaid Krouch perdeu a melhor chance dos alvirrubros na partida. Ao fim de 47 minutos, o guatemalteco Walter López determinou o fim da etapa complementar e a disputa de mais 30 minutos de prorrogação.



Tim Payne (azul, Auckland City) tenta interceptar Ahmed Jahouh (20, branco, Maghreb Athlétic). Foto: FIFA

  Durante toda a prorrogação, o Moghreb Athlétic de Tétouan mostrou-se mais incisivo, buscando o gol da vitória. Porém, o time marroquino não demonstrava a organização tática que lhe garantiu o título nacional, apostando nos chutes a longa distância, sem direção. Nas raras chances do Auckland City, De Vries e Tavano, que seria substituído por Issa a 12 minutos do fim do tempo-extra, não tiveram a efetividade necessária. Com isso, a decisão do adversário do ES Sétif nas quartas-de-final do Mundial ocorreria por meio dos tiros penais.



Ryan De Vries (azul, Auckland City) escapa da forte marcação marroquina. Foto: FIFA

  Logo na primeira cobrança, o remate de Jahouh foi defendido pelo ex-modelo e zoologista Tamati Williams, que saltou com firmeza no canto direito para defender o tiro do marroquino. Irving, Krouch, White e Fall converteram suas cobranças, até o croata Mario Bilen desperdiçar para o Auckland City, deixando para Naim a responsabilidade de empatar a disputa em 3-3.




Assista às cobranças de pênaltis que definiram a classificação do Auckland City às quartas-de-final do Mundial de Clubes. A súmula da partida pode ser conferida aqui

  Naquele que seria o último disparo do Auckland City, o nigeriano Sanni Issa, recém-chegado do WaiBOP, teve personalidade para deslocar Lyousfi com um chute alto e recolocar o City à frente da disputa. Na última cobrança da série para o MAT, Khallati chutou na trave, para explosão de alegria dos comandados de Ramon Tribulietx. Com o 4-3 nos pênaltis, o Auckland City repete a façanha de 2009, quando avançou de fase no Mundial de Clubes, disputado nos Emirados Árabes Unidos.



Jogadores do Auckland City (azul) comemoram a classificação às quartas-de-final do Mundial de Clubes 2014. Foto: Getty Images

  Após a partida, além de receber os aplausos de todo o Estádio Príncipe Moulay Abdellah, os jogadores do Auckland City puderam extravasar toda sua alegria e satisfação após contribuírem com uma das passagens mais gloriosas do futebol da Oceania. A alegria do professor de educação física Ramon Tribulietx, do estudante de direito Emiliano Tade, do zoologista Tamati Williams, do ex-capitão dos "All Whites" Ivan Vicelich e de todos os outros integrantes do plantel dos "Navy Blues" simbolizava, no gramado do principal recinto esportivo da capital marroquina, o sabor e a dimensão de uma histórica vitória para um grupo de valentes jogadores semi-profissionais, que deram ao mundo uma lição de disciplina, entrega e superação.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Mundial de Clubes 2014: conheça o Auckland City FC, representante da Oceania na principal competição interclubes do planeta

  Por João Victor Gonçalves

  A dois dias da estreia do Auckland City Football Club no Mundial de Clubes da FIFA 2014, o “Do outro lado da Bola” traz uma matéria especial com a trajetória e a expectativa dos “Navy Blues” em relação à disputa da principal competição interclubes do futebol mundial. Conheça abaixo um pouco mais sobre o representante da Oceania no certame que se iniciará no próximo dia 10 no Marrocos.

  O caminho


A trajetória dos "guerreiros azuis" (foto) rumo ao Marrocos começou no último dia 8 de Abril, com uma vitória sobre o Ba na estreia da OFC Champions League 2014. Foto: OFC

  O caminho do Auckland City rumo ao Mundial de Clubes começou no dia 8 de Abril, quando a equipe estreou na fase de grupos da edição 2014 da OFC Champions League. A vitória por 3-0 sobre o Ba no Churchill Park, em Lautoka, Fiji, foi seguida por outro triunfo: 3-0 sobre o AS Dragon; no jogo de encerramento da chave, os “Navy Blues” foram batidos pelo Amicale por 1-0.


No vídeo acima, temos os melhores momentos do único revés do Auckland City na fase inicial da OFC Champions League 2014: derrota por 1-0 para o Amicale

  Após conseguir a classificação às semifinais como o melhor segundo colocado da fase de grupos, o quadro azul de Auckland seguiu sua trajetória na principal competição interclubes da Oceania contra o bom time do Pirae, cuja base era formada por atletas da Seleção Taitiana que disputaram a Copa das Confederações em 2013. No jogo de ida, porém, nem mesmo a experiência internacional dos polinésios intimidou a esquadra de Tribulietx, que venceu por 3-0. Com o triunfo, os “kiwis” se deram ao luxo de perder a partida de volta por 2-1 no Taiti, assegurando, ainda assim, a classificação à grande decisão.


O sul-coreano Wook Kim (azul, Auckland City) marca o astro taitiano Marama Vahirua (laranja, Pirae) em partida válida pelas semifinais da OFC Champions League. Foto: OFC

  Nos dois encontros decisivos, um reencontro com um rival já conhecido: o forte time do Amicale, que havia vencido o City na fase inicial por 1-0. No jogo de ida, os “Navy Blues” não sucumbiram ante a pressão de quase 10 mil torcedores no PVL Stadium em Port Vila e garantiram um bom empate por 1-1, com o argentino Emiliano Tade marcando o tento dos neozelandeses.


Relembre os gols que garantiram o sexto título continental do Auckland City no duelo decisivo contra o Amicale de Vanuatu

  Na partida de volta, mais de 4 mil torcedores lotaram Kiwitea Street esperando ver o sexto campeonato continental do maior vencedor da história do futebol neozelandês. Porém, para surpresa dos fanáticos azuis, o Amicale abriu o placar com Tangis nos acréscimos do primeiro tempo; na etapa complementar, o sul-africano Ryan De Vries empatou a partida e, a cinco minutos do fim, o salvador argentino Tade fez o gol que garantiu o título da OFC Champions League 2014 ao Auckland City, bem como a quarta participação consecutiva da equipe no Mundial de Clubes da FIFA.

  A preparação


O treinador espanhol Ramón Tribulietx (branco) comanda treino preparatório antes do período de aclimatação que o elenco do Auckland City realizou em Dubai

  A preparação do ACFC para a disputa da principal competição interclubes do futebol mundial teve início com as rodadas inaugurais da ASB Premiership, a divisão de elite do futebol neozelandês. Em cinco jogos disputados, o atual tetracampeão continental acumulou quatro vitórias e uma derrota, o que lhe garante momentaneamente a vice-liderança do certame com um jogo a menos que o líder, Team Wellington.


Na rodada inaugural da ASB Premiership 2014/15, o Auckland City venceu o bom time do Hawke's Bay United por 3-2; relembre os gols da partida acima

  Visando a adaptação ao fuso-horário marroquino, bem como às condições meteorológicas de Rabat, cidade na qual o City debuta no Mundial, a diretoria do ACFC decidiu realizar um período de aclimatação em Dubai, onde o quadro azul realizou um amistoso preparatório contra a Seleção do Uzbequistão. Após 90 minutos de muita luta sob um calor de 28°C, o quadro neozelandês conseguiu ser efetivo defensivamente e segurou o 0-0.


  O elenco

O inglês Darren White (azul) é um dos destaques ingleses do Auckland City. Foto: Auckland City FC

  O elenco do Auckland City para a disputa do Mundial sofreu alterações em relação às últimas edições. Tradicionalmente composta por espanhóis, a versão 2014 da “Armada Azul” tem como grande destaque a presença de quatro ingleses: o arqueiro Louie Caunter, o zagueiro John Irving, o meia Sam Burfoot e o atacante Darren White. A Espanha, por sua vez, só está representada pelo comandante Ramón Tribulietx e pelo experiente defensor Ángel Berlanga.


Com duas Copas do Mundo no currículo, o capitão Ivan Vicelich (foto) é sinônimo de experiência e liderança para o elenco do Auckland City. Foto: Zimbio

  Experiência que, por sinal, sobra ao grande destaque da equipe: Ivan Vicelich. O capitão e eterno camisa 15 do Auckland City possui em seu currículo uma Copa do Mundo (2010) e três Copas das Confederações (1999, 2003 e 2009) disputadas com a camisa dos “All Whites”. Com a camisa dos “Navy Blues”, Vicelich disputará seu quinto Mundial de Clubes, repetindo os feitos de 2009, 2011, 2012 e 2013.


Artilheiro da OFC Champions League 2014, o argentino Emiliano Tade (foto) é a esperança de gols do Auckland City no Mundial de Clubes 2014. Foto: Auckland City

  Além de neozelandeses, ingleses e espanhóis, jogadores de outras nove nacionalidades integram o plantel dos “Navy Blues”. Tratam-se do sérvio Marko Dordevic, do japonês Takuya Iwata, do croata Mario Bilen, do sul-coreano Kim Dae-wook, do argentino Emiliano Tade (artilheiro da última edição da OFC Champions League, com seis gols), do papuásio David Browne, do nigeriano Sanni Issa (recém-chegado do WaiBOP United e com passagem de destaque pelo vice-campeão continental Amicale), do mexicano Fabrizio Tavano e do sul-africano Ryan de Vries. A lista poderia ser maior, se o português João Moreira não sofresse uma séria lesão que o deixou de fora da lista final de jogadores que viajaram ao Marrocos.

  A estratégia


Com passagens de destaque pelo futebol de Fiji e Vanuatu, o nigeriano Sanni Issa (vermelho) fará sua estreia com a camisa do Auckland City em Rabat. Foto: FIFA

  A provável equipe que enfrentará o Moghreb Athlétic de Tétouan na abertura do Mundial de Clubes deve apresentar apenas uma alteração em relação aos onze titulares que enfrentaram o Uzbequistão em Dubai: o nigeriano Sanni Issa deve ficar com a vaga ocupada no setor ofensivo pelo mexicano Fabrizio Tavano.


Com trajetória de destaque pelo arquirrival do city, Waitakere United, Ryan De Vries (foto) espera cativar o coração dos torcedores azuis neste Mundial de Clubes. Foto: Auckland City

  Taticamente, Ramón Tribulietx deve apostar num forte esquema defensivo, liderado pelo arqueiro Tamati Williams e cuja retaguarda contará com uma linha de cinco zagueiros, composta por Takuya Iwata, Ángel Berlanga, Ivan Vicelich, Marko Dordevic e John Irving. O meio-campo, inicialmente ocupado por dois homens (Mario Bilen e Tim Payne), deve contar com a presença de dois atacantes recuados (Sanni Issa e Ryan De Vries) que terão a missão de armar as jogadas ofensivas nos velozes contra-golpes arquitetados pelo City, cujo único homem de referência no ataque será o argentino Emiliano Tade. Desta forma, o teórico 5-2-3 arquitetado pelo comandante catalão converte-se num 5-4-1 quando a posse de bola não está com os neozelandeses, evidenciando a principal missão dos “Navy Blues” em seu debut no Mundial de Clubes: não sofrer gols.

  O jogo


O belo estádio Príncipe Moulay Abdellah (foto) será sede do encontro entre Moghreb Athlétic de Tétouan e Auckland City Football Club. Foto: Europlan 


  A estreia do Auckland City Football Club no Mundial de Clubes 2014 ocorre na próxima quarta-feira, 10, no Estádio Príncipe Moulay Abdellah, em Rabat, capital marroquina, contra o Moghreb Athlétic de Tétouan, atual campeão do país anfitrião, às 17h30 (horário de Brasília), 19h30 (horário local). O vencedor do duelo terá pela frente o atual campeão africano, ES Sétif, no próximo dia 13. A partida será transmitida para o Brasil pelos canais Fox Sports e SporTV 2.