terça-feira, 18 de junho de 2013

Taiti estreia, é goleado, mas faz História em Belo Horizonte!

  Por Rodrigo Augusto

   O sonho de 23 guerreiros de uma pequena ilha paradisíaca no Oceano Pacífico parecia algo muito distante se fosse visto há alguns anos atrás. Porém, com a conquista da Copa das Nações da Oceania em 2012, a realidade de um sonho pôde se vigorar e ser vivida nesta segunda-feira.


O bom público que compareceu ao Mineirão escolheu o Taiti para torcer. Foto: O Globo

   A partida entre Nigéria e Taiti poderia ser somente mais uma em torneios FIFA, que seria posteriormente esquecida da memória dos amantes do futebol; mas neste ano de 2013, presenciamos a história de uma equipe praticamente toda amadora contra os maiores astros do esporte em todo o planeta, na qual o que menos interessava era o placar.


O belíssimo e reformado Mineirão (foto) foi palco da estreia do Taiti contra as "Super Águias". Foto: FIFA

   Ao começar, já na entrada em campo, os jogadores pareciam não acreditar no que viam e aonde haviam conseguido chegar. Após o hino, os polinésios entregaram um colar típico taitiano para jogadores e comissão técnica da Nigéria. Com o estádio apoiando os “Toa Aito”, o espetáculo se iniciava no Mineirão.


Jogadores taitianos (vermelho) cumprimentam seus rivais nigerianos, entregando a eles colares típicos da Polinésia Francesa. Foto: SporTV

   Nos primeiros dez minutos de partida, a disparidade física, técnica e tática foi posta à prova entre as duas seleções. Com facilidade iminente, os africanos abriram logo 2-0. Aos cinco minutos, Echiejile arrisca de fora da área. A bola desvia no capitão Nicolas Vallar, e tira qualquer chance de defesa do goleiro Samin, balançando as redes polinésias. Cinco minutos depois, após falha na saída de bola taitiana, Oduamadi recebe e, com muita tranquilidade, toca no canto direito de Samin para aumentar o placar.


Jogadores nigerianos (foto) celebram um dos seis gols anotados contra o Taiti. Foto: Quiero más Fútbol

   Mas para quem achava que o Taiti apenas se defenderia durante os 270 minutos que atuará na competição, surpreendeu-se com a atuação do time de Eddy Etaeta. A equipe levou perigo ao gol de Enyeama com Simon logo no início da primeira etapa, num chute perigoso, e com Vahirua, único profissional na equipe, que mostrava certa habilidade com a bola e levava perigo à meta rival.


Disputa de bola aérea entre Omeruo (22, branco, Nigéria) e Alvin Tehau (2, vermelho, Taiti). Foto: The Washington Post

   Mesmo desgastada por conta da viagem realizada sábado, de Johanesburgo (na África do Sul) até o Brasil, a Nigéria anotou o terceiro ainda na primeira etapa: aos 25 minutos, novamente com Oduamadi, em falha grotesca do goleiro taitiano Xavier Samin, que não conseguiu segurar o cruzamento, com a bola indo parar nos pés do centro-avante das "Super Águias".


Brown (8, branco, Nigéria) tenta se livrar do arqueiro taitiano Xavier Samin (verde). Foto: Caught Offside

   Com a vitória praticamente definida, o time africano abusou do preciosismo, perdendo muitas outras oportunidades na primeira etapa (muitas dessas cara a cara com o goleiro Samin). Porém, a partida foi para seu intervalo com o placar de 3-0 a favor do campeão africano.


Jonathan Tehau (17, vermelho, Taiti) sobe mais alto que Ambrose (5, branco, Nigéria) para fazer o histórico gol taitiano. Foto: The Malay Sianin Sider

   Na segunda etapa, o time taitiano surpreendentemente saiu para o jogo, mas não deixou de lado o tradicional 5-4-1 do treinador Eddy Etaeta. Mesmo com seu esquema defensivo, após um escanteio despretensioso, Enyeama saiu de maneira inocente do gol e Jonathan Tehau subiu na segunda trave, escorando para fazer o histórico tento de honra dos “Les Rouges”. Logo após o gol, praticamente todo o estádio se emocionou, bradando “Taiti! Taiti!”, numa demonstração do quão apaixonante é o futebol, que encanta todas as nações do “planeta bola”.


Jonathan Tehau (foto) celebra o histórico gol taitiano, com os braços abertos, abraçando toda a Polinésia Francesa. Foto: BBC

   O momento era de êxtase total. Parecia que os 200 mil habitantes do Taiti haviam se tornado toda a população brasileira, que acolheu os jogadores polinésios. Estes, claramente, não acreditavam que o sonho havia se tornado realidade!


Jogadores taitianos (foto) lembram-se da canoa polinésia ao celebrar o histórico gol contra a Nigéria. Foto: Tele Cinco

   Com isso, a Nigéria, percebendo que necessitaria de saldo de gols, resolveu então criar mais oportunidades e deixar o toque de bola sem objetividade de lado. Não demorou muito para que viesse o quarto tento nigeriano, anotado contra pelo herói taitiano Jonathan Tehau, que escorou uma bola na área do seu próprio time, mandando-a para o fundo da própria meta. O relógio marcava 23 minutos e o placar apontava 4-1 a favor dos nigerianos.


Confira os melhores momentos da vitória nigeriana sobre o Taiti

   Passados trinta minutos, os africanos ainda anotaram mais dois gols: aos 31, com Oduamadi (determinando seu hat-trick na partida), após cruzamento rasteiro de Ideye. E, em ritmo de treino, após outra saída equivocada de Samin, Echiejile fez o sexto, dando números finais à partida em 6-1 para a Nigéria.


Jogadores taitianos (foto) agradecem o apoio da torcida brasileira. Foto: SportsNet


   Com o resultado, a Nigéria assume a liderança da chave, superando a Espanha no saldo de gols. Por parte do Taiti, o que se pôde tirar da partida foi que o tento dos “Tiki Toa” foi mais reverenciado do que todos os seis anotados pela Nigéria (e muitos outros perdidos), provando que o futebol não é o esporte onde a vitória premia somente quem fica à frente do marcador, mas também aqueles que lutam e acreditam na concretização de seus sonhos.

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